sábado, 10 de outubro de 2015

Cerâmica LC Afonso fechará as portas e outras duas indústrias do setor planejam seguir o mesmo caminho

Fonte: Portal Regional
Empregados empilham tijolos em forno de cerâmica em Panorama (Foto: Alex Barreto/JR )

Sem saída para superar a crise, a Cerâmica LC Afonso, em Panorama, reuniu todos os seus funcionários na semana passada, para comunicá-los da difícil decisão de que nos próximos dias todos estarão desempregados por conta do fechamento da empresa. No mesmo sentido, caminham as cerâmicas São José e Rio Negro, que também devem interromper suas atividades nos próximos meses.

Segundo o empresário Luiz Carlos Afonso, proprietário da Cerâmica LC Afonso, a situação pela qual passa o setor é há pior em oito anos. Dentro de 45 dias a empresa estará fechada.

 “Aumento de imposto e da energia, dificuldade de escoação da produção para o Estado do Mato Grosso do Sul [em razão do alto imposto aplicado pelo Estado sobre a produção cerâmica que vem de São Paulo], e dificuldade de escoar material para a região de Bauru e Marília em razão da balança móvel do DER na SP-294 entre Dracena e Junqueirópolis”, elencou o que chamou de dificuldades enfrentadas pelos industriais de Panorama. A indústria de Afonso colocou seus 22 funcionários sob aviso. 
– Luiz Carlos Afonso, proprietário da
Cerâmica LC Afonso, disse que a
 situação pela qual passa o setor é há pior em oito anos (Foto: Alex Barreto/JR )

 “Para fabricar 800 mil peças [de tijolos] onde se gastava R$ 16 mil. Hoje gasto R$ 27 mil. Não se repassa os custos para o consumidor porque você não consegue vender”, reclamou.

 Em outra região da cidade, o empresário Levi Soares Ribeiro, da Cerâmica São José, está diminuindo drasticamente seu quadro de funcionários e produção de tijolos. 

 Ele chama de concorrência desleal a prática comum de venda de tijolos abaixo do custo pelos colegas.

A diminuição do financiamento habitacional e aumento de energia são as causas do agravamento da crise na opinião do empresário. “Antes que a coisa fique pior, prefiro parar”, disse Levi sobre a hipótese de vender um caminhão da empresa para acertar as contas dos funcionários e parar a atividade.

Indiferente dos demais, Guilherme Luiz Pereira, proprietário da Cerâmica Rio Negro, afirma que nos últimos dois anos sua indústria tem sentido uma desaceleração nas vendas e consequentemente na redução da mão-de-obra. “Vamos devagarzinho até parar. Estamos dispensando funcionários para quando parar não deixá-los na mão”, disse Pereira, desacreditando numa eventual melhora. 

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Construção do Mobiliário de Panorama (Sticmp), Mário Lúcio Queiroz, as rescisões feitas no Sindicato são de trabalhadores que trabalha acima de um ano. Ele acredita num número de demissões bem maior do que registrado, porque abaixo de um ano não existe obrigatoriedade para que a demissão seja homologada no Sindicato.

No levantamento do Sindicato, 345 trabalhadores foram demitidos em 2014. De janeiro a outubro desse ano a quantidade de demissões chegou a 227 funcionários da indústria. 

A realidade enfrentada pelas cerâmicas levou preocupação ao presidente da ACE de Panorama, Alexandre Cristofini, que enfrenta reflexos no comércio da cidade, que já mantém perspectiva de queda nas vendas. “É um impacto negativo e temos que procurar alguma solução para reverter esse quadro”, avaliou.

TEXTO E     FOTOS ALEX BARRETO 

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